Desabafos

sábado, 14 de fevereiro de 2015

Feliz dia do cliché

Pelos vistos hoje é dia 14 de Fevereiro, dia em que milhões de empresas lucram com a ânsia dos apaixonados em comprar todas as coisas do mundo. Sim, é verdade, eu acho este dia fútil. Pode ser de uma certa forma engraçado, mas o amor não devia ter data nem obrigações. O amor deve ser partilhado a qualquer hora, a qualquer momento que desejemos... a sério que é preciso uma data para recordar que o nosso parceiro merece um carinho, seja este emocional ou material? Imensas pessoas se pegam a estas épocas "festivas" e no resto do ano é como se estivessem impedidos de fazer tudo aquilo num outro dia qualquer. Hipocrisia nível extremo...
Agora ultimamente o número de casais tem vindo a crescer: parece que existe uma altura do ano mais vulnerável a novos amores... depois assim de repente terminam-nos... bom, eu não compreendo os relacionamentos de hoje em dia, mas também não sou ninguém para me meter nisso. E parecendo que não, por vezes toca-me um bocadinho. Não é que desesperadamente deseje ter alguém oficialmente ao meu lado, mas deixa saudades. Ainda há meses eu era um deles: andava de mão dada por aí, a demonstrar um certo afecto em público e na altura admito que quando via alguém solteiro, que me questionava quanto à felicidade desta. Estava entranhada tal que achava que temos de nos completar com outra pessoa. Neste momento penso que nunca estive tão errada na minha vida... a felicidade, como já disse imensas vezes, está em nós. Os outros são complementos apenas. Não precisamos de alguém para ser feliz, podemos apenas ser felizes com alguém. É diferente, totalmente diferente. 
Neste momento digo que atingi um equilíbrio emocional, o que foi bastante complicado para mim, visto que mais de metade da minha personalidade incluía emoção, drama, paixão... tudo o que numa palavra se torna "ilusão". E nada mais degradante que sentir infelicidade perante algo que só a nossa própria mente criou. Sim, eu era infeliz, no meio daquele "amor" todo. Eu tinha um pavor em estar sozinha, sentia que necessitava sempre de alguém ao meu lado, ou então era vergonhoso, era um fim à minha vida. Seja amigo, seja namorado... não me tinha apercebido nunca da realidade. Digamos que eu era a coisa mais dependente do mundo e não me apercebia que tudo podia ter um fim, independentemente da culpa ser nossa, do outro ou apenas do correr da vida. 
Estou a contar-vos isto para não cometerem o mesmo eu que eu: a nossa melhor companhia somos nós mesmos. Aliás, antes de gostarmos dos outros, devemos gostar de nós, preocupar-nos connosco. Porque a única pessoa que podemos controlar somos nós. Então ao aperceber-me disso, pus em acção os meus pensamentos e... resultou! Foi um processo longo, de choque, mas neste momento estou satisfeita.
Voltando ao tema fulcral deste texto: não é necessário ser um dia especial para desejarmos um bom dia a quem mais gostamos.
E além disso, o amor tem imensas formas... porquê limitá-lo?
E agora vou terminar com a frase mais irónica de sempre, perante tudo o que afirmei: FELIZ DIA DOS NAMORADOS!

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

Para longe

Rapidamente vesti uns trapinhos, peguei nas chaves e saí de casa. Eram 4H07 da manhã, precisava de ar: já não havia sono que abafasse aquele sufoco noturno a não ser o burburinho dos ventos de inverno que por aquelas ruas desertas passeavam. Precisava da companhia deles, que me levassem para onde quisessem, desde que fosse para muito longe. Por aquele rumo segui sem me preocupar com nada. E por ali apenas vagueava um corpo, o meu corpo. O resto? Deixei preso debaixo dos lençóis, precisava de paz, de encontrar uma nova parte de mim noutro lugar diferente da rotina. Passados uns dois quilómetros, sentei-me na sarjeta e refleti sobre os aspetos positivos da minha vida, sem sequer deixar que os menos apelativos para o meu sorriso se intrometessem. Eu sei, daqui a menos de 5 horas lá vou eu cruzar-me com as mesmas pessoas, apanhar o trânsito habitual, o convite habitual da minha colega para o cafézinho e tertúlias variadas, assim como o momento em que a porta da empresa se fecha... Mas eu gosto, é a minha vida, e esta ninguém a vive por mim. Por vezes faz bem quebrar a rotina, cometer loucuras se for preciso...
E assim voltei para o meu lar, com a cama limpa do desespero, cansaço e confusão que ocupava as minhas preciosas horas de sono que tanto preciso. Posso dizer que aquelas duas horas que dormi, foram uma das melhores da minha vida. 

Há coisas que escapam


Ilusões


Mais que segundos


Por uma âncora

Talvez o problema não estivesse nele, nem no que ele fez. Aliás, do que nós fizemos. Nem mesmo estava naquele trocadilho de palavras inútil que tanto criavamos apenas porque sim. Tantas palavras vazias que foram para dentro do saco. E no entanto o problema não estava em mais lado nenhum a não ser em mim. Nem sempre o erro está no fazer mal ao outro ou deixar de fazer, mas em iludirmo-nos que está certo manter. O melhor era mesmo deixar partir por aquelas águas de rumo, a meu ver, infinito. Tanto tempo que deixei a âncora a prender tudo isto, que acabei por também me prender lá, como se me tivesse tornado refém de mim mesma. Por sorte a corrente partiu-se, dando a hipótese de libertar-me, vendo o que prendera ir-se embora sem esperar por mim. Não havia volta de ir atrás, nem mesmo de a fazer voltar. Mesmo assim nem me apercebera so alívio, então ali fiquei uns bons meses a lamentar as histórias futuras que não aconteceram. Só me restava libertar a corrente do meu pulso e afastar-me daquela praia fria e ventosa, mas eu só queria estar ali. Nada nem ninguém me arrancou dali, nem quando me chamavam para ir dar um passeio de fim de tarde. Parecia que o que navegara pelas águas gerou o começo do fim, como se já nada me restasse, como que já não tivesse mais vida pela frente nem mesmo mais manhãs para andar de bicicleta com uns amigos. Mal eu sabia que naquelas correntes presas aos meus pulsos encontrava-se a minha cegueira e os meus medos. Talvez soubesse, mas não queria saber: alguma coisa de mim dali se foi, como se estivesse em parte morta.
Tanto que me fartei de ali ficar que acabei por ir buscar um casaco a casa. Ao chegar, o conforto tornou-se tal que nem me apeteceu voltar àquela praia. Ali juro que nunca mais voltei, nem mesmo para espreitar. Ao longo dos tempos as correntes foram saindo dos meus pulsos, e quando cairam de vez guardei-as numa caixinha dentro do roupeiro, para não haver hipótese de as voltar a prender. Foi o maior alívio de todos os tempos e parecia que tudo voltara a estar equilibrado, sem sequer me dar conta do que se passou antes. Não passou de um mau momento.

Meias de prazer a longo prazo

Isto faz-me lembrar a última vez que estava no comboio a caminho de Lisboa. Ao meu lado estava um senhor de idade e do outro estava a filha e a mulher. Eram pessoas muito simples, típicas de alguma aldeia. No início admito que não estava para ter conversas com ele e limitei-me a ouvir a minha música. Até que passado um bom bocado, reparo que decide iniciar uma conversa comigo. Contou-me histórias sobre os tempos em que ele era militar, por onde andou, etc. Entretanto, diz-meque a mulher de momento estava doente e tinha um determinado problema mental. Lembro-me de ter olhado para a senhora e esta estava com uma cara séria, pensativa, melancólica. Parecia que nem estava ali sem ser de corpo. Talvez o problema da senhora fosse Alzheimer, não sei...
A parte que mais me comoveu foi quando o senhor se levantou do lugar, sentou-se ao lado da mulher e sem perguntar se tinha frio, tirou da malinha dele umas meias e calçou-lhas. Para mim, foi um dos momentos mais bonitos de amor que alguma vez vi. Depois daqueles anos todos, e apesar do problema da senhora, ele continua ali para ela, sem de ralar com o que há-de vir. Naquele momento pensei: "será que no futuro, quando for velhinha, vou ter alguém que também me agasalhe quando eu estiver com frio e incapacitada"? Sei que parece pouco relevante, mas estes pormenores contam. Agora os jovens desistem à primeira oportunidade, já não se interessam em lutar por quem têm ao lado, já não valorizam isso. Ainda existe quem crie estas pequeninas provas de amor, que se preocupe ao pequeno detalhe, que engula imensos sapos e mesmo assim lute por isso com um sorriso na cara. E onde está o agradecimento, o valor por parte de quem recebe esse tipo de mimos? Tenho saudades dos tempos antigos que nunca vivi, essa é que é essa.

Comigo

E neste momento só me apetece estar comigo. Sozinha não, comigo. Escondida do mundo por detrás das minhas preocupações, medos e pensamentos. Por vezes este nosso cantinho que criamos é o nosso melhor amigo, o que nos faz refletir relativamente às nossas prioridades e com quem devemos estar quando sairmos dele. É uma lavagem cerebral saudável, daquelas que todos precisamos de vez em quando. Quando o cérebro entra em sobrecarga de ideias sobrepostas umas em cima das outras, é nessa altura em que tudo se torna um problema, na nossa perspectiva. Neste caso, na minha. Parece que tudo me aconteceu ao mesmo tempo e a minha mente entrou em colapso. Pessoas entraram e sairam da minha vida de repente, situações inesperadas foram acontecendo relativamente a elas. Tanto me supreenderam pela positiva como pela negativa. Quem achava que conhecia tão bem, revelou-se uma pessoa oposta. E aqui eu penso: afinal no que devo acreditar? Posso equiparar isto a um final de um livro em que as personagens se revelam: a pessoa que parecia melhor revelara-se a má da fita e aquela que achava nunca servir foi a que se revelou heroína. Claro que não foi tão linear assim, mas foi um mero exemplo.
É por isto que acho melhor estar só comigo, criar ideais diferentes, afastar-me um pouco. Sinceramente prefiro que a frieza tome conta de mim, pois torna-me mais racional. Digamos que a minha parte emocional estragou muita coisa. E assim me despeço.

E tudo o fumo levou




Escondi-te por trás do meu cigarro e deixei que as minhas mágoas voassem pelo fumo, depois de cada bafo que dei a pensar em tudo de mau que queria que desaparecesse. E no final, quando o apaguei naquele cinzeiro, nada restou a não ser as cinzas portadoras das memórias que me ficaram presas. Mas dali nada de mim restou: peguei na minha mala e saí dali, jurando para nunca mais voltar.

Pássaro que é pássaro

Vamos observar os pássaros. Pássaro que se preze é livre, viaja, não gosta de estar preso. Não desejas ser um deles? Viveres sem pensar nas consequências, aprenderes a voar por ti mesmo... aventurares-te?
Todo o ser humano gosta de ser pássaro, voltar ao lar porque deseja, não porque o prendem ou o forçam... não é verdade?
A melhor forma de manteres na tua vida quem desejas, é não o proibires de partir. Se o fizer e nunca voltar, é uma forma de saberes que afinal essa mesma pessoa não deve pertencer à tua vida, ou então é apenas um alerta dessa pessoa para agires, mudares a tua conduta: assim como te magoam, tu também podes magoar.
Nunca lamentes o que neste momento não aconteceu: ou um dia mais tarde vai realizar-se, se realmente ambicionares isso, ou então apenas está a dar lugar a que algo melhor te aconteça. As pessoas crescem, ganham experiência, alteram as suas próprias ideologias. E tudo o que neste momento se vive, todas as pessoas com quem no presente falamos e todas as nossas acções, vão influenciar o nosso futuro. Amanhã sempre será um novo dia, um novo desafio e, ao mesmo tempo, vai ser sinal que mais um dia da tua vida passou. Sabes o que significa? Que é tempo de agires, de seres útil para a sociedade e, ao mesmo tempo, de seres melhor que tu mesmo: seres útil a ti mesmo. Nunca ninguém atinge o máximo, há sempre algo novo a aprender. Se queres que gostem de ti, trata antes de mais, gostares de ti mesmo. Peço-te que não desperdices a tua vida, que vivas ao máximo, mas ao mesmo tempo que não proíbas que os que te rodeiam tenham essa mesma liberdade.
E com isto apenas pretendo transmitir isto: "ninguém é de ninguém". Se queres controlar alguém, controla-te a ti mesmo.